TEA e Transtornos de Ansiedade: Sinais e Cuidados
Era uma tarde qualquer na escola, e eu estava lá, sentada num canto da sala de apoio, observando o João, um menino de 9 anos que parecia carregar o mundo nas costas. Ele alinhava os lápis na mesa com uma precisão quase artística, mas bastava a professora pedir pra ele ler em voz alta pra tudo desmoronar – o rosto ficava vermelho, as mãos tremiam, e ele se encolhia como se quisesse desaparecer. Eu já tinha visto sinais de TEA antes, mas aquilo era mais. Conversei com a mãe dele depois, e ela desabafou: “Ele fica assim em casa também, com medo de tudo.” Foi aí que caiu a ficha: João vivia o cruzamento entre TEA e transtornos de ansiedade, uma combinação que não é rara, mas que muitas vezes passa despercebida. Hoje, quero te levar comigo nessa jornada pra entender os sinais de TEA e transtornos de ansiedade em crianças, os desafios que eles trazem e as possibilidades de cuidado que podem mudar tudo. Vamos juntos?

O que é TEA e o que são transtornos de ansiedade?
Antes de mergulharmos de cabeça, deixa eu te contar o básico, como se estivéssemos tomando um café. O TEA, ou Transtorno do Espectro Autista, é aquele universo onde a comunicação social pode ser um labirinto, os comportamentos repetitivos são como um ritual, e os interesses fixos viram uma paixão intensa. O João, por exemplo, ama trens – sabe tudo sobre linhas férreas, mas não te olha nos olhos pra contar.
Já os transtornos de ansiedade são um peso invisível: medo constante, preocupação que não explica, às vezes até crises com coração acelerado e suor nas mãos. Juntos, TEA e transtornos de ansiedade criam uma dança delicada – o autismo já deixa o mundo mais confuso, e a ansiedade amplifica cada incerteza.
Estudos dizem que até 40% das crianças com TEA têm algum transtorno de ansiedade, segundo a Autism Speaks. Não é pouco, né?

Sinais de TEA e transtornos de ansiedade em crianças: como reconhecer?
Já reparou como algumas crianças parecem estar sempre no limite? Com o João, os sinais de TEA eram claros: ele evitava o recreio barulhento, repetia frases dos livros de trens, e qualquer mudança – tipo um professor novo – era um drama. Mas os transtornos de ansiedade adicionavam camadas: ele mordia as unhas até sangrar, ficava paralisado antes de falar com alguém, e às vezes dizia “vai dar tudo errado” do nada.
Esses sinais de TEA e transtornos de ansiedade em crianças nem sempre gritam – às vezes, são sussurros que a gente precisa aprender a ouvir. Fique de olho:
- Rigidez que vira pânico: O TEA ama rotinas, mas com transtornos de ansiedade, uma alteração simples – como trocar o lanche – vira um gatilho pra crise.
- Isolamento com medo: Ele foge dos colegas, mas não é só o TEA – é um medo intenso de ser julgado ou de errar.
- Comportamentos repetitivos acelerados: Balançar as mãos ou girar algo pode ser TEA, mas com ansiedade, isso vira uma fuga do nervosismo.
- Preocupações exageradas: “E se eu não souber responder?” ou “E se a luz apagar?” – perguntas que não saem da cabeça.
Um estudo da APA (2021) mostra que a ansiedade agrava esses comportamentos repetitivos no TEA, tornando-os mais intensos.
🧠 Leitura complementar: TEA e TDAH – Como Identificar o Diagnóstico Duplo
Os desafios de viver com TEA e transtornos de ansiedade
Agora, imagina carregar isso tudo numa mochila pequena. O João enfrentava um mundo que já era difícil pro TEA – barulho, luzes, gente falando ao mesmo tempo – e os transtornos de ansiedade transformavam cada dia numa montanha-russa. Na escola, ele travava nas apresentações, e a professora achava que era teimosia. Em casa, a mãe contava que ele não dormia direito, acordava com pesadelos sobre “algo ruim” que nunca explicava.
Já vi isso em outras crianças também: uma menina que se recusava a entrar na sala por medo de errar na frente dos outros, um menino que chorava toda manhã antes do ônibus escolar. Esses desafios de TEA e transtornos de ansiedade em crianças não são só “birra” – são o cérebro gritando por ajuda. E o pior? Sem apoio, a ansiedade pode crescer, virar pânico ou até afastar eles ainda mais do mundo.
Por que entender essa dupla faz diferença?
Sabe por que eu insisto nisso? Porque reconhecer TEA e transtornos de ansiedade juntos muda o jogo. Se a gente só olha pro autismo do João, pode forçar ele a falar na frente da turma e piorar tudo. Se foca só na ansiedade, ignora que ele precisa de rotinas pra se sentir seguro.
Uma avaliação bem feita – com neuropsicopedagogos, psicólogos, até um neurologista – junta as peças. Lembro de uma reunião com a equipe da escola do João: a psicóloga trouxe testes como o SCARED (pra ansiedade) e o SRS (pra TEA), e tudo ficou claro. Com o diagnóstico duplo, o plano mudou – e o João também.
📌 Conheça também: O Papel do Neuropsicopedagogo na Avaliação de Crianças com TDAH e TEA
Possibilidades de cuidado: como ajudar no dia a dia com transtornos de ansiedade?
E agora, o que fazer pra cuidar de crianças com TEA e transtornos de ansiedade? Vou te contar o que funcionou com o João e outras crianças que cruzaram meu caminho. São ideias simples, mas poderosas – e você pode testar aí também.
Na escola:
- Rotinas visíveis: Um quadro com desenhos – aula, lanche, recreio – dá segurança pro TEA e acalma os transtornos de ansiedade.
- Avisos antes de mudanças: “Hoje o professor vai mudar” – cinco minutos de preparo evitam o pânico.
- Espaço seguro: Um cantinho com almofadas e fones de ouvido pra ele respirar quando o barulho aperta.
Em casa:
- Cantinho da calma
- Histórias previsíveis: Ler o mesmo livro de trens toda noite virava um ritual que relaxava ele.
- Respiração guiada: “Inspira contando até 3, solta devagar” – a mãe ensinou, e ele usava nas crises.

Nas terapias:
- Brincar com propósito
Com amigos:
- Encontros pequenos
Esses cuidados abriram portas pro João – ele ainda tem seus dias, mas agora sorri mais do que se esconde.
Histórias que inspiram: o João e a Clara
O João não foi o único. Teve a Clara, 6 anos, que vivia grudada na mãe na escola. O TEA dela era claro: repetia frases dos desenhos, evitava barulho. Mas os transtornos de ansiedade faziam ela travar na porta da sala, com medo de “algo errado” que nunca explicava. A equipe deu um ursinho pra ela segurar – um sinal tátil que acalmava – e a professora avisava tudo antes: “Vamos pintar agora.” Aos poucos, Clara entrou na sala e até desenhou um trem pro João.

Essas histórias mostram que cuidar de crianças com TEA e ansiedade é possível – é só ouvir e ajustar.
O papel de quem está por perto
Pais, professores, amigos – vocês são o time que faz isso acontecer. A mãe do João aprendeu a respirar com ele nas crises. A professora criou o cantinho da calma. Eu, como neuropsicopedagoga, trouxe o plano que uniu todo mundo. Já pensou no poder de um “eu te entendo” pra essas crianças? Quando a gente colabora, o cuidado vira uma ponte pro futuro delas.
E agora, o que fica?
TEA e transtornos de ansiedade são mais do que rótulos – são histórias de luta e força. O João e a Clara me ensinaram que, com o olhar certo, os desafios viram possibilidades. Não é fácil, mas é lindo ver eles brilharem, cada um no seu tempo.
🌟 Próximo post: Entenda Dislexia, TEA e TDAH em Crianças: Dicas para Inclusão
Se gostou, deixa um comentário, me siga nas redes ou se inscreva na newsletter pra continuarmos juntos nessa caminhada. Até lá!




