Como Comunicar Diagnósticos de TDAH e TEA com Empatia
Era uma manhã tranquila, e eu estava sentada numa sala pequena, o silêncio pesado da sala me envolvendo enquanto a psicóloga abria um relatório. Meu filho, Pedro, de 7 anos, tinha acabado de ser diagnosticado com TDAH. Não sei o que eu esperava – talvez alívio, talvez medo –, mas o que veio foi um nó na garganta. Ela falou com cuidado, mas as palavras “transtorno” e “dificuldade” ecoaram como sirenes. Depois, na escola, a professora ouviu a notícia com um olhar perdido, como se eu tivesse entregado um manual em outra língua.
Essa história é minha forma de te levar pra dentro do que vivi e aprendi – o poder de comunicar um diagnóstico com empatia mudou tudo. Como falar de TDAH ou TEA pra uma família que mal entende o que isso significa? Como explicar pra uma escola sem parecer que é só mais um problema? Vamos caminhar juntos por esse chão delicado e descobrir como transformar palavras em pontes.

Por que comunicar o diagnóstico importa tanto?
Um diagnóstico como TDAH ou TEA não é só um papel – é um terremoto que mexe com tudo. Quando ouvi sobre Pedro, minha cabeça girou com perguntas: “O que eu fiz errado?”, “Ele vai ficar bem?”. Na escola, a reação foi diferente: “Ele precisa se esforçar mais”. A forma de comunicar o diagnóstico pode construir ou quebrar. Um estudo da Journal of Child and Family Studies (2018) mostra que uma abordagem empática reduz o estresse dos pais em 30% e aumenta a colaboração com escolas. Não é só passar informação – é acolher o que a família sente e dar à escola ferramentas pra agir. Eu aprendi isso na prática, e vou te mostrar como.
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Primeiro, o coração: falar o diagnóstico com a família
Sentei com a psicóloga numa cadeira dura, e ela começou assim: “Pedro tem um jeito único de ver o mundo, e o TDAH é parte disso”. Não foi “ele tem um problema” – foi um convite pra enxergar meu filho de novo. Comunicar o diagnóstico de TDAH com empatia começa aí: no tom. Uma amiga, cujo filho tem TEA, ouviu algo parecido: “Ele processa as coisas de um jeito especial, e vamos descobrir juntos como ajudá-lo”. Segundo a American Psychological Association (APA), começar com as forças da criança – “Pedro é criativo”, “ele ama música” – cria um chão seguro antes de falar das dificuldades.
Depois, vem a clareza sem pressa. A psicóloga usou um desenho – uma árvore com galhos tortos, mas cheios de folhas. “Os galhos são a atenção dele, que se espalha, mas as folhas são as ideias que brotam”. Eu entendi o TDAH dele sem me sentir julgada. Pro TEA da minha amiga, o exemplo foi uma estrada com curvas: “Ele precisa de rotas fixas pra se sentir bem”. Nada de jargão – só imagens que ficam na cabeça.
E o medo? Dê espaço pra ele
Eu chorei naquela sala, e a psicóloga não correu pra me calar. “É normal sentir isso”, ela disse, me entregando um lenço. Comunicar um diagnóstico com empatia pra famílias é deixar o medo respirar. Perguntei: “Ele vai conseguir estudar?”. Ela respondeu com calma: “Sim, com apoio, ele vai encontrar o caminho dele”. Um artigo da Pediatrics (2020) diz que validar as emoções dos pais – “Você pode estar confuso, e tudo bem” – os ajuda a processar sem desespero. Minha amiga com o filho autista ouviu: “Vamos caminhar juntos nisso”. Não é apagar o medo – é mostrar que ele não anda sozinho.
Comunicar o diagnóstico na escola: traduzindo em ação
Levar o diagnóstico de Pedro pra escola foi como atravessar um rio sem ponte. A professora ouviu “TDAH” e respondeu: “Então ele não presta atenção porque não quer?”. Eu poderia ter entregado o relatório e ido embora, mas aprendi com a psicóloga: é preciso traduzir. Sentei com ela e disse: “Ele não escolhe se distrair – o cérebro dele pula rápido, mas olha como ele é bom em inventar histórias”. Mostrei o relatório, mas também levei um plano: “Se ele tiver um cantinho pra se mexer, vai ajudar”.

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Na escola do filho da minha amiga com TEA, o neuropsicopedagogo foi junto. “Ele precisa de avisos antes de mudar de atividade”, ele explicou, “e ama organizar – use isso nas tarefas”. Um estudo da Educational Psychology Review (2019) mostra que professores aceitam melhor o diagnóstico quando ele vem com estratégias práticas – não só “ele tem TEA”, mas “faça assim”. Não é jogar o problema no colo deles – é oferecer uma mão.
O tom certo: nem pena, nem frieza
Já vi profissionais errarem feio. Um médico disse pra uma conhecida: “Seu filho é autista, vai ser difícil”. Foi como um soco. Outro falou comigo como se Pedro fosse um caso clínico, sem me olhar nos olhos. Comunicar o diagnóstico de TEA ou TDAH com empatia pras escolas e famílias exige equilíbrio – nem pena que diminui, nem frieza que distancia. A psicóloga de Pedro acertou: “Ele tem desafios, mas também tem um potencial incrível”. Na escola, ela disse à professora: “Você já viu como ele brilha quando está interessado?”. É humano, é quente, é real.

E quando dá errado? Ajuste o passo
Nem tudo flui. Na primeira reunião na escola, a coordenadora cortou: “Não temos tempo pra isso”. Depois disso saí arrasada, mas voltei com a psicóloga. Ela mudou o tom: “Vamos testar algo simples por uma semana – estrelas na carteira pra guiar ele”. Funcionou, e a coordenadora amoleceu. Minha amiga teve um pai na família que negou o TEA do filho: “Ele só precisa de disciplina”. O neuropsicopedagogo sentou com ele, mostrou vídeos do menino se acalmando com música e disse: “Olha como ele responde – não é teimosia”. A APA (2021) sugere que ajustar a abordagem – ser mais visual, mais lento – quebra resistências. É tentar de novo, com paciência.
O que fica dessa dança delicada?
Comunicar o diagnóstico de Pedro não foi só dizer “ele tem TDAH” – foi abrir portas. Pra mim, virou um jeito de ver meu filho além das dificuldades, com apoio pra guiá-lo. Pra escola, virou um plano pra ele brilhar, não só sobreviver. Minha amiga aprendeu o mesmo com o TEA do filho dela – empatia transformou o susto em passos. Não é sobre ter as palavras perfeitas – é sobre ouvir, acolher e construir juntos. Afinal, como mãe que passou por isso, sei que o diagnóstico não é o fim, mas o começo de uma história nova.

Referências
- Journal of Child and Family Studies (2018). “Empathetic Communication and Parental Stress in ADHD Diagnosis.”
- American Psychological Association (APA) (2021). “Guidelines for Communicating Neurodevelopmental Diagnoses.”
- Pediatrics (2020). “Emotional Validation in Pediatric Diagnosis: Impacts on Family Adjustment.”
- Educational Psychology Review (2019). “Translating ADHD and ASD Diagnoses into Classroom Strategies.”
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